terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Compras coletivas, dívidas pessoais!

Vocês também têm tido suas caixas de entrada abarrotadas de ofertas sugeridas pelos sites? E o que têm achado?

As ofertas são variadas e tentadoras, com descontos de até 70% em vários produtos e serviços. Estética, alimentação, hospedagem, saúde... Para quem gosta de consumir, é um prato cheio. Com apenas alguns clics é feita a escolha e o pagamento. Fácil. Rápido. Sem muito tempo para pensar. Os descontos parecem justificar quase qualquer coisa, até aquilo que nem se teria pensado adquirir algum dia. Até parece que o que se compra é o desconto, não o produto anunciado.

Se as pessoas conseguissem consumir apenas aquilo que fossem adquirir de qualquer forma, aí sim estariam economizando. Mas é comum surgir a empolgação e consumirem coisas que nem estavam nos planos, aumentando assim o desperdício do próprio dinheiro.

Esses sites estimulam a ação de pessoas que têm perfil compulsivo, por tudo ser muito rápido. Diante da tela do computador, como que hipnotizadas, as pessoas param menos para pensar no que fazem. Depois de efetuada a compra, desfazer o negócio fica complicado, e assim uma bola de neve de endividamento e gastos além dos possíveis entra em cena.

Fico impressionada de ver como a cada dia surgem novas formas de sermos convidados (induzidos) a consumir. Nem mesmo em nossos lares estamos imunes aos chamados. Sentamos para ver nossos recados pessoais e plin: lá está alguém que nos chama... Adão no paraíso teve apenas um chamado para comer a maçã, mas nós, pobres mortais, as ofertas nos entram pelas orelhas, olhos, caixa de correio, na rua, em casa... Temos que ser lúcidos e fortes para resistir. Temos que ter certeza de onde queremos chegar e como o faremos. Caso contrário, seremos vítimas fáceis das técnicas hipnóticas do marketing que permeiam nossos dias. Porque comprar e gastar dá prazer. Há que se aprender a ter prazer também retendo, guardando. E este exercício se aprende e aprimora dia a dia. Pois sabe-se lá o que inventarão amanhã para nos chamar a consumir?

As compras são coletivas. Mas nunca, nunca devemos esquecer que as dívidas são pessoais e intransferíveis e melhor que nem sejam, se adultos quisermos ser!  Dia após dia receberemos as colheitas do que semearmos, com juros e correção monetária. Melhor ter o dinheiro em nossa conta para receber estes dividendos não?

Boas compras são compras feitas com calma e lucidez. Sempre.



Marisa Gabbardo, Psicóloga, para o portal da Mais Ativos