quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Saiba como evitar desmaios de calor

Ambientes pouco ventilados e sol forte favorecem a desidratação e a queda de pressão arterial

Bruno Folli, iG São Paulo | 08/02/2011 10:52


Não é raro encontrar alguém que reclame do calor quando os termômetros passam dos 30 graus.
Cansaço, tontura e suor em excesso são as principais queixas, especialmente de quem é obrigado a trabalhar com roupas formais e pesadas. E não pense que isso é frescura. O calor é capaz de fazer uma pessoa desmaiar e também pode desencadear quedas perigosas de pressão arterial.
A base dos problemas está na desidratação. O corpo libera mais suor para controlar a temperatura e isso gera duas consequências danosas. O sangue fica denso e passa a concentrar as substâncias que carrega, como o colesterol.
“Os vasos sanguíneos tentam compensar a desidratação se contraindo”, explica José Luiz Cassiolato, cardiologista do Hospital Nove de Julho.
A consequência disso é um imediato agravamento de eventuais lesões. “Se a pessoa tem uma lesão de 30% no vaso, ela passa a ser de 60%, por exemplo. Há risco de infarto”, adverte o médico. “Quanto menor o calibre do vaso, maior a chance de complicações. Por isso, também pode acontecer um AVC (acidente vascular cerebral)”, alerta.
As complicações vasculares não atingem apenas quem já tem algum histórico de cardiopatia, elas podem também ser a primeira manifestação de quem sequer desconfiava ter o problema. Isso porque as doenças vasculares costumam ser silenciosas, sem sintomas aparentes. Não raro o primeiro sinal delas é o próprio infarto.
Pressão arterial
O calor dilata os vasos sanguíneos e isso tem impacto direto na pressão arterial, fazendo-a despencar. É daí que surgem as sensações de cansaço e tontura. Há risco de desmaios. Se o quadro for combinado com desidratação, a pessoa estará sujeita aos problemas graves descritos acima.
Parece até razoável pensar que ser hipertenso represente alguma vantagem neste contexto, pois a queda da pressão alta a tornaria mais próxima da normalidade. Mas o raciocínio está errado. “O hipertenso é propenso a passar mal com quedas menores na pressão”, alerta Stela Mara Pereira Palácio, clínica médica do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos.
Desmaios
Se a pessoa não tiver nenhuma predisposição a problemas cardiovasculares, os desmaios devem ser a principal consequência negativa do calor em excesso. Eles acontecem porque os vasos sanguíneos acabam se dilatando com a exposição contínua ao calor e isso provoca queda na pressão arterial, quadro chamado de hipotensão.
O oxigênio e outras substâncias presentes no sangue se acumulam na região inferior do corpo, deixando de alimentar o cérebro da maneira adequada. A sensação de tontura costuma chegar aos poucos, anunciando o desmaio que está por vir.
É possível reverter a situação se a pessoa for imediatamente para um lugar mais fresco e arejado. Ajuda bastante se ela também ingerir mais líquidos para se garantir uma boa hidratação.
“Se o desmaio for súbito, é mais provável que exista algum outro problema relacionado”, alerta a médica.
Seja como for, qualquer desmaio de calor implica na necessidade de uma consulta médica para avaliar se foi apenas uma queda de pressão ou se existem problemas cardiovasculares associados.
Como prestar socorro
Existem dois procedimentos básicos para prestar socorro a quem passa mal de calor. O primeiro é eficaz nos casos em que a pessoa esta prestes a apagar. Ela deve ser levada a um lugar mais fresco e arejado. Água, suco ou líquidos isotônicos também podem ajudar, caso a queda de pressão esteja sendo agravada pela desidratação.
Líquidos adocicados ou algum alimento podem ser úteis se a pessoa estiver tendo um quadro de hipoglicemia pela alimentação inadequada. Não é raro o calor do verão deixar as pessoas menos dispostas a se alimentarem bem, o que provoca falta de açúcar no sangue (hipoglicemia). “Um dos sintomas é a queda da pressão arterial”, afirma a médica clínica.
Se a pessoa chegar a desmaiar, a médica recomenda levantar as pernas dela para normalizar a circulação sanguínea. “Não dê nada via oral. Chame ajuda médica”, resume Stela Mara.
Idosos e crianças
Além dos cardiopatas, idosos e crianças compõem o grupo de risco para problemas com o calor. “O idoso responde mal à desidratação”, afirma Cassiolato. Eles também estão mais propensos a ter problemas de saúde pré-existentes, como pressão alta, diabetes e doenças pulmonares, ou a tomar medicamentos que interferem na pressão sanguínea ou na capacidade do organismo de regular sua temperatura.
Para evitar problemas, os médicos recomendam:
- Evite exposição solar nos horários de pico, entre 11h e 16h
- Não faça exercícios intensos nos horários de mais calor
- Evite locais abafados, sem circulação apropriada de ar, e ambientes com aglomeração de pessoas
- Use roupas leves e claras para facilitar o controle da temperatura corporal
- Ao se sentir cansado pelo calor, tente se refrescar e descanse por alguns minutos
- Mantenha-se hidratado. Sentir sede já é sinal de desidratação
- Não pule nenhuma refeição para evitar quadro de hipoglicemia
- Jamais deixe crianças esperando no carro, especialmente se o veículo estiver exposto ao sol

Pílula não engorda, garantem estudos

Revisão de diversas pesquisas mostra que, sozinho, contraceptivo oral não provoca aumento de peso

The New York Times | 07/02/2011 12:14


O ganho de peso talvez seja o efeito colateral mais temido entre as mulheres que optam por fazer controle de natalidade.
Preocupações sobre as pílulas e adesivos causarem quilos a mais costumam manter muitas delas longe desse tipo de método.
Porém, a maioria dos estudos mostrou que essas preocupações não têm fundamento. As mulheres que acabam ganhando peso, segundo especialistas, podem estar simplesmente enxergando o ganho natural de peso ao longo do tempo como um efeito colateral indesejado dos contraceptivos.
Numa ampla análise publicada em "Cochrane Database of Systematic Reviews", pesquisadores revisaram dados de diversos ensaios aleatórios que comparavam contraceptivos hormonais com placebos (não ficou claro que tipo de controle de natalidade foi usado pelas participantes que tomaram placebos).
Não houve evidências, em nenhum dos estudos, de que mulheres usando os contraceptivos ganhavam mais peso do que o grupo do placebo. Em seguida, os pesquisadores examinaram estudos que comparavam diferentes doses ou tratamentos de vários contraceptivos hormonais, que também "não mostraram nenhuma diferença substancial no peso", relataram eles.

Outro estudo, de 2008, da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, acompanhou 150 atletas mulheres entre 18 e 26 anos, algumas das quais foram aleatoriamente inseridas num grupo que tomava contraceptivos orais. As outras serviram como controle. Após dois anos, os cientistas concluíram que os contraceptivos não causavam qualquer ganho de peso ou de gordura corporal.
Assim, conclui-se que os contraceptivos hormonais, por si só, não parecem causar qualquer aumento de peso.
* Por Anahad O'Connor